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10 de mai. de 2016

Livros X Série de TV: Episódio 05 Untimely Resurrection

       
Episódio 05: Untimely Resurrection (Ressureição inoportuna- tradução oficial da edição brasileira por Geni Hirata) 
       
O episódio desta semana envolveu majoritariamente os capítulos do dezenove (An Oath is sworn-“Um juramento é feito” na tradução oficial) ao 22 (The Royal Stud-“O Haras Real” na tradução oficial), este último sendo o primeiro capítulo da quarta parte do livro nomeada de “Escândalo” (“Scandale” no título em língua original é a palavra francesa para “Escândalo”, salientando que o livro A Libélula no Âmbar tem 49 capítulos e sete partes). O título do episódio é o mesmo do capítulo 21 do segundo livro da série. Vão existir mais uma vez alguns pontos a serem retomados de capítulos anteriores, entretanto como já mencionado “o grosso” do episódio encontra-se nesses quatros capítulos. Destacando os principais acontecimentos de “A Ressurreição inoportuna” é possível avaliar e comparar os seguintes pontos:
       
  • A volta de Jamie para casa depois da ida a Bastilha: no início do capítulo dezenove, Claire menciona o incômodo do barulho do relógio como no episódio, retirando-o da sala, ainda detalha os acontecimentos que levaram Jamie a concordar a ir a Bastilha prestar explicações do que havia ocorrido em sua residência, visto que fora acusado de sequestro e proxenetismo (crime semelhante ao rufianismo, Jamie estava sendo acusado de ser cafetão) por Silas Hawkins. Claire também seria levada para Bastilha se não fosse pela insistência de Jamie que ela não tinha condições devido ao seu estado delicado de passar uma noite presa. Assim, o capitão da guarda aceitou levar apenas Jamie, contanto que Claire não deixasse a cidade, o que ela concordou. Murtagh não é preso também, porque ele não participa da briga como ocorreu na série de TV, entretanto acompanha Jamie até a Bastilha. Jamie antes de partir pede a Fergus que tome conta de Claire (o pedido não aparece na série de TV). Esta é uma parte super fofa do livro, a qual quase não é possível sentir o gosto na tela. Após o pedido de Jamie, Fergus avisa a Claire que fez a ronda na casa e que ela está segura, imitando o patrão que fazia sempre uma ronda noturna. Fergus perde permissão para dormir ao lado de Claire, mas acorda enquanto ela está tirando os enfeites do cabelo e se oferece para ajudá-la:
       
“ -Ai!
— Deixe, milady. Eu tiro.
Eu não o ouvira passar para trás de mim, mas senti os dedos pequenos e ágeis de Fergus em meus cabelos, desembaraçando o pequeno ornamento. Colocou-o de lado e, em seguida, hesitante, perguntou:
— Os outros também, milady?
— Ah, obrigada, Fergus — disse, agradecida. — Se você não se importar.
Seus movimentos de batedor de carteiras eram leves e precisos, e os cachos espessos começaram a cair em volta do meu rosto, libertados de suas amarras. Pouco a pouco, conforme meus cabelos se soltavam, minha respiração tornou-se mais regular.
— Está preocupada, milady? — perguntou a voz afável e fina atrás de mim.
— Estou — respondi, cansada demais para manter falsas aparências.
— Eu também — disse ele com simplicidade.
O último grampo tilintou sobre a mesa e eu me deixei arriar na poltrona, os olhos fechados. Então, senti um toque de novo e percebi que ele escovava meus cabelos, desfazendo os nós delicadamente.
— Permite, milady? — disse ele, sentindo quando contraí o corpo de surpresa. — As senhoras costumavam dizer que isso as ajudava quando estavam preocupadas ou aborrecidas.
Relaxei outra vez sob o toque tranquilizador.
— Permito — disse. — Obrigada. — Após alguns instantes, perguntei:
— Que senhoras, Fergus?
Houve um momento de hesitação, como o de uma aranha perturbada ao construir uma teia, e em seguida a delicada arrumação das mechas foi retomada.
— No lugar onde eu costumava dormir, milady. Eu não podia sair por causa dos clientes, mas madame Elise me deixava dormir em um compartimento embaixo das escadas, se eu ficasse quieto. Depois que todos os homens já tinham ido embora, quase de manhã, eu saía e às vezes as senhoras compartilhavam seu desjejum comigo. Eu as ajudava a amarrar os cadarços das roupas de baixo e elas diziam que eu era quem melhor fazia isso — acrescentou ele, com certo orgulho. — Depois, eu penteava seus cabelos, se elas quisessem.
— Hummm. — O suave sussurro da escova pelos meus cabelos era hipnótico. Sem o relógio sobre o consolo da lareira, não havia marcação de horas, mas o silêncio na rua significava que já era realmente muito tarde.
— Como é que você foi parar na casa de madame Elise, Fergus? — perguntei, mal reprimindo um bocejo.
— Eu nasci lá, milady — ele respondeu. Os movimentos da escova tornavam-se cada vez mais lentos e sua voz mais arrastada.
— Eu costumava me perguntar qual delas era minha mãe, mas nunca descobri. (...)”
       
Esse é um trecho do livro que mostra a história de Fergus e o carinho que ele começa a nutrir por Claire. Acho uma pena ele ter sido retirado e espero que possamos ver como cena deletada em algum outro momento (descobri que essa cena adaptada estava no roteiro, porém foi cortada do episódio), porque Fergus é um personagem tão importante na vida de Jamie e Claire, e a construção do seu caráter, juntamente com sua devoção em relação a Jamie são alguns dos veículos que conduzem o leitor a apaixonar-se por ele. O ator Romann Berrux está fazendo um excelente trabalho. Pelo menos, pudemos observar no episódio Jamie vendo o esforço do menino em tomar conta de Claire e assim levando-o para cama após ter voltado para casa, e visto o pequeno adormecido ao lado da patroa. No capítulo do livro, Duverney ofereceu-se para pagar a fiança (na TV, o ministro só precisou ordenar para que Jamie e Murtagh, que no episódio também estava preso, fossem soltos).
       
       
       
  • Juramento de Murtagh: quando Jamie volta para casa ainda no capítulo dezenove, ele tem uma rápida conversa amorosa com Claire, até que Murtagh entra no quarto e tirando a sua adaga oferece a sua vida a Jamie por ter falhado na tarefa que ele havia lhe dado. Na série de TV, essa cena ocorre depois de Jamie explicar a Claire a história de La Dame Blanche, invertendo a ordem dos capítulos do livro, e Murtagh não oferece a vida, só manifesta o quanto está se sentindo mal por ter decepcionado Jamie. No livro, Claire presencia a conversa (no episódio, Claire não está no recinto), e quando Jamie diz a Murtagh para que ele vá atrás dos homens que machucaram Claire e Mary, ele faz um juramento de depositar a vingança aos pés de Claire e não aos de Jamie como no episódio. A gangue Les disciples já é mencionada nesta cena, durante o episódio, por Murtagh a Jamie; enquanto no livro, a gangue passa a ser conhecida pelo leitor quando Dougal fala sobre ela a Claire no capítulo 21.
       
  • A história de La Dame Blanche: a explicação para os homens terem se assustado ao reconhecerem Claire como a dama branca ocorre no capítulo vinte, La Dame Blanche. Quem fornece a informação inicial que La Dame Blanche é uma feiticeira é Magnus, um empregado da casa; no episódio, Claire menciona que Fergus havia lhe dito que a dama era uma feiticeira. No capítulo, quando Claire pergunta a Jamie que estava ouvindo a explicação de Magnus se ele já ouvira falar disso, ele muda de cor variando de um vermelho de constrangimento ao branco. Assim, Jamie fala o que havia contado aos homens no bordel a fim de parar com as piadas sobre ele querer ser fiel: que ele era casado com La Dame Blanche e caso ele tocasse em qualquer outra mulher, Claire dissecaria as partes íntimas dele. Na série de TV, ele explica rapidamente que Charles estava jogando prostitutas no colo dele. Ele queria ser fiel, mas sem parecer pouco viril e estando bastante bêbado inventou essa história. Um ponto controvertido desta cena em comparação ao modo como é construída no capítulo do livro é a mudança de reação em Claire (as mudanças de reações dos personagens de Jamie e Claire normalmente me incomodam bastante, pois resultam em uma descaracterização de quem eles são). No livro, Claire acha a história que Jamie contou sobre ela ser a dama branca engraçada. No episódio, ela fica aparentemente irritada, mas como tudo acabou bem graças a esses boatos contados por Jamie, ela acaba aceitando e se rendendo aos braços dele.
       
  • Claire conversa com Mary sobre o estupro/A intervenção de Claire em relação a Mary e Alex: Claire faz uma visita a Mary após o estupro no capítulo vinte. Ela passa no estabelecimento de Mestre Raymond para comprar medicamentos e assim segue para casa dos Hawkins na companhia de Fergus. Ela consegue entrar no quarto de Mary e uma conversa semelhante a do episódio ocorre com algumas pequenas modificações:
       
“Estou bem— respondeu ela, engolindo em seco. — Eu... sangrei um pouco, mas parou. — A pele clara de suas faces ficou ainda mais vermelha, mas ela não abaixou os olhos.
— Eu... está... dolorido. Isso passa?
— Sim, passa — esclareci delicadamente.
— Trouxe algumas ervas para você. Devem ser preparadas em água quente e, conforme a infusão esfriar, você pode aplicá-la com um pano, ou sentar-se numa tina, se houver uma à mão. Isso ajudará. — Peguei os saquinhos de ervas da minha bolsa e coloquei-os sobre a mesinha-de-cabeceira.
Ela meneou a cabeça, mordendo o lábio. Obviamente, havia mais alguma coisa que queria dizer, sua timidez natural lutando com sua necessidade de confidência.
— O que é? — perguntei, da forma mais pragmática possível.
— Eu vou ter um bebê? — deixou escapar num fôlego só, erguendo os olhos apreensivamente. — Você disse...
— Não — respondi, com a voz mais firme que consegui.
— Não vai. Ele não conseguiu... terminar. Nas pregas da minha saia, cruzei os dedos, esperando fervorosamente que eu estivesse certa. As chances eram muito pequenas, mas essas excentricidades aconteciam. Ainda assim, não havia razão para assustá-la ainda mais com uma possibilidade tão fraca. O pensamento deixou-me ligeiramente tonta e enjoada. Poderia tal acidente ser a possível resposta ao enigma da existência de Frank? Afastei a preocupação da mente; um mês de espera iria confirmar ou dissipar a ideia.
(...)
— Ao menos não vou ter que me casar com o visconde. Meu tio disse que ele jamais me aceitará agora.
— Não, acho que não.
Ela assentiu, olhando para o quadrado de gaze enrolada em seu joelho. Seus dedos remexeram tanto o cordão do saquinho que uma das pontas se soltou e alguns farelos de vara-de-ouro caíram sobre a coberta.
— Eu... costumava pensar sobre isso; o que você me contou, sobre como um h-homem... — Parou e engoliu em seco e eu vi uma lágrima solitária cair sobre a gaze. — Acho que não suportaria que o visconde fizesse isso comigo. A-agora isso já aconteceu... e n-ninguém pode desfazer o acontecido e eu nunca mais terei que f-fazer isso outra vez... e... e... ah, Claire, Alex nunca mais falará comigo! Nunca mais o verei, nunca mais!
(...)
Ele parecia um bom homem. Mas também era pobre e jovem, com uma saúde frágil, e com pouca chance de progresso; tudo o que possuía dependia inteiramente da boa vontade do duque de Sandringham. E eu tinha poucas esperanças de que o duque visse com benevolência a ideia da união de seu secretário com uma jovem desonrada e arruinada, que agora não tinha nem ligações sociais nem um dote em seu favor. E se Alex conseguisse encontrar a coragem de se casar com ela apesar de tudo — que chances teriam, sem dinheiro, expulsos da sociedade educada e com o hediondo fato do estupro ofuscando o conhecimento um do outro?
Não havia nada que eu pudesse fazer além de abraçá-la e chorar com ela pelo que fora perdido.”
       
Logo após essa cena no livro, Claire narra que vai levar a descrição da agressão feita por Mary às autoridades competentes para libertar Alex. No episódio, após a conversa que ela tem com a moça, Mary também pede para ela levar a carta, Claire considera queimar a carta com tal informação para separar Mary e Alex.
       
       

O que me aborreceu nessa relação que envolve Mary, Alex e Claire foi o lado “falsiane” de Claire aparecendo neste episódio e indo atrás de Alex na Bastilha para convencê-lo a não se casar com Mary para que Frank pudesse nascer (depois de ela ter decidido que ele poderia ser solto). A Claire do livro não é assim quanto a Frank, pelo menos não no ponto de importunar a ascendência dele. Ela deixa simplesmente as coisas acontecerem e não fica manipulando a relação de Mary e Alex ao seu favor. Ela é sempre uma amiga boa e fiel para Mary e se preocupa com ela, inclusive Claire tenta ainda fazer Mary e Alex se reencontrarem. Fizeram uma versão de Claire, neste episódio, egoísta. E fizeram com que ela tivesse atitudes neste contexto completamente desnecessárias ao desenvolvimento da trama, já que no próprio enredo do livro as peças vão se encaixando sem que Claire precise manipular o relacionamento de Alex e Mary.
       
  • Negócios com o Conde de St. Germain: em A Libélula no Âmbar, somos informados do acordo comercial entre Charles e St. Germain no capítulo dezoito (Estupro em Paris- tradução oficial). No jantar organizado para o Duque, durante uma conversa com Silas Hawkins, que se espantou ao saber que havia alguém disposto a investir no empreendimento de St. Germain já que ele estava com baixos recursos devido à destruição da carga e do seu navio por conta da varíola. Logo em seguida disse que o investidor era Charles Stuart. Todos se surpreenderam porque não imaginavam que os Stuarts tivessem dinheiro. Passou a ser de conhecimento então que Charles conseguira quinze mil libras emprestadas de um banco italiano e havia entregado a St. Germain. Neste episódio, Jamie fica sabendo acerca do negócio de Charles e o Conde St. Germain pelo próprio príncipe em uma conversa particular. Nesse caso, Charles quer que Jamie seja o intermediário e seu negociante junto com ao Conde e avisa a Jamie que terá posse de dez mil libras esterlinas. Ele conseguiu metade desse fundo por meio de um banco para que o Conde de St.Germain comprasse um carregamento de vinho e espera que o resto do dinheiro venha com o lucro da venda da bebida. E assim põe Jamie para discutir os pormenores com o Conde.
       
  • As colheres dos apóstolos: a cena com as colheres não ocorre no livro. Apesar de ser uma cena lindinha de Claire e Jamie sendo amorosos um com o outro, existem inúmeras cenas e diálogos de eles sendo apaixonados sem que se precisasse inventar uma. Para quem assistiu aos trailers de lançamento da segunda temporada já viu uma dessas colheres sobre um túmulo. Quando finalmente aparecer esta cena, vamos entender se a entrada das colheres vai ter algum significado mais profundo ou se foi alguma ideia para enfeitar a visita ao cemitério. No final das contas, essa acabou sendo a cena mais linda do episódio por ser um momento de eles externarem o amor que sentem um pelo outro. A oportunidade de poder ver a troca de olhares, os toques ou qualquer outra demonstração de afeto entre eles, mesmo que eu ache que isso poderia ser feito com uma cena do livro, ainda é algo com o qual eu me apego em qualquer episódio e torço para que as cenas românticas se multipliquem.
       

  • A briga entre Claire e Jamie pelo atraso da vingança dele: no capítulo 21 (Ressurreição Inoportuna), Claire dá de cara com Black Jack na casa do duque, onde logo em seguida Jamie vê os dois conversando. No episódio, Claire encontra o Capitão em Argentan, em uma venda de cavalos do Rei em que ela e Jamie estavam presentes a pedido do Duque, enquanto tinha uma conversa com Annalise de Marillac. Não havia essa necessidade dessa conversa entre Annalise e Claire, que não existe no livro, e onde Annalise parecia uma pobre menina enciumada querendo provocar Claire. Isso foi uma animosidade feminina mostrada gratuitamente ainda mais para uma série que tem personagens femininas fortes. Obviamente, existem momentos de ciúmes nos livros que são engraçados, que envolvem o leitor, e alguns dos quais eu adoraria ter visto na tela e não foram colocados, mas eles têm um objetivo dentro da história. Essa conversa de Annalise contando uma versão de um Jamie idealizado para Claire parecia simbolizar uma provocação da antiga mulher com a atual, sendo que nem namorados mesmo Annalise e Jamie foram. Se o objetivo era deslocar Claire para um local sem Jamie, isso poderia ter sido feito de diversas outras formas, inclusive com a cena de venda dos cavalos em que homens e mulheres foram separados para conversar após terem assistido à reprodução dos animais. Voltando ao ponto de encontro com Black Jack no capítulo 21, Claire corria pela casa do Duque, enquanto perseguia Mary, que ao saber que Alex fora demitido saíra em disparada da casa do Duque, para onde tinha ido escondida tentar encontrar-se com o jovem Randall. Nessa corrida Claire tomba com o Randall mais velho e nesse momento a Sra. Fraser descobre que o diabo não morreu. Daí desenrolou-se uma conversa bem diferente da do episódio, já que Black Jack até aquele ponto achava que Jamie e Claire estivessem mortos e vice-versa. Então Jamie vê Capitão Randall conversando com Claire e ao conversar com ele fala de forma bastante formal e ameaçadora. Como no episódio, eles estavam na presença do rei, Jamie estava mais calmo e delicado. O lado bom da mudança de cenário e de circunstância desta cena foi ver o Rei Louis fazendo piada com o sotaque de Randall e o humilhando. No capítulo, Jamie manda Claire de volta para casa em uma carruagem e quando ela chega a casa encontra-se com Dougal. E é com Dougal que ela vai até a Bastilha denunciar Jack Randall como uma das pessoas que atacaram ela e Mary para impedir Jamie de duelar com ele. Como Randall já estava preso, Jamie não pode desafiá-lo como na série de TV, onde Randall só foi preso depois do desafio. Quando eles se encontram em casa ocorre a discussão em que Claire pede que ele espere um ano para matar Randall por causa de Frank. Como o modo que os acontecimentos se sucederam e se formaram no livro e na TV foram diferentes, as falas iniciais foram modificadas, mas a parte final do diálogo deste capítulo no livro entrou na cena do episódio:
       

“-Jamie! Pelo amor de Deus, Jamie, ouça-me! Você não pode matar Jack Randall porque eu não vou deixar!
Olhou-me fixamente, com absoluta perplexidade.
— Por causa de Frank — eu disse. Soltei sua manga e recuei um passo.
— Frank — ele repetiu, sacudindo a cabeça ligeiramente como se quisesse clarear os ouvidos de um zumbido. — Frank.
— Sim - disse. — Se matar Jack Randall agora, então Frank... ele não existirá. Ele não nascerá. Jamie, não pode matar um homem inocente!
Seu rosto, normalmente de um bronze claro e avermelhado, desbotara para um branco manchado enquanto eu falava. Em seguida, o vermelho começou a elevar-se outra vez, queimando as pontas das orelhas e incendiando suas faces.
— Um homem inocente?
— Frank é um homem inocente! Não me importo com Jack Randall.
— Bem, eu me importo! — Agarrou a bolsa e caminhou a passos largos e pesados em direção à porta, o manto ondeando-se sobre seu braço. — Por Deus, Claire! Você tentaria me impedir de realizar minha vingança contra o homem que me fez de prostituta para ele? Que me forçou a ficar de joelhos e me obrigou a chupar seu pênis sujo do meu próprio sangue? Meu Deus, Claire! — Escancarou a porta com um safanão e já estava no corredor quando eu o alcancei.
Já escurecera, mas os criados haviam acendido as velas e o corredor resplandecia com uma luz cálida e suave. Segurei-o pelo braço e puxei-o.
—Jamie! Por favor! Ele sacudiu o braço impacientemente, livrando-se de mim. Eu estava quase chorando, mas contive as lágrimas. Peguei a bolsa de viagem e arranquei-a de sua mão. — Por favor, Jamie! Espere só um ano! O filho de Randall será concebido em dezembro. Depois disso, não tem mais importância. Mas, por favor, por mim, Jamie, espere até lá!
(...)
— Sim — murmurou ele, como se falasse consigo mesmo —, sou um grande sujeito. Grande e forte. Posso agüentar muita coisa. Sim, eu posso aguentar. — Virou-se para mim, gritando. - Eu posso agüentar muita coisa! Mas só porque eu posso, significa que devo? Eu tenho que suportar as fraquezas de todo mundo? Não posso ter as minhas próprias?
Começou a andar de um lado para o outro no corredor, a sombra seguindo-o num silencioso frenesi.
(...)
Ele meneou a cabeça uma ou duas vezes, rapidamente, como se estivesse tomando uma decisão, depois sacou a adaga da bainha com um zunido e segurou-a diante do meu nariz. Com visível esforço, falou calmamente:
— Você pode escolher, Claire. Ou ele ou eu.
(...)
— Por favor, acredite em mim, por favor. Eu não faria isso se houvesse qualquer outro jeito. — Inspirei, uma respiração profunda e trêmula, para acalmar a pulsação desenfreada sob minhas costelas. — Você me deve sua vida, Jamie. Não uma, mas duas vezes. Salvei-o de ser enforcado em Wentworth e quando teve febre na abadia. Você me deve uma vida, Jamie!
Fitou-me por um longo instante antes de responder. Quando o fez sua voz estava calma outra vez, com um tom de amargura.
— Compreendo. E você vai cobrar o pagamento dessa dívida agora? -Seus olhos ardiam com o azul profundo e claro que queima no núcleo de uma chama.
— Eu tenho que fazer isso! Não consigo chamá-lo à razão de nenhuma outra forma!”.
       
A briga conclui-se no livro com Jamie dizendo que vai esperar um ano do mesmo jeito que no episódio, o que muda é que para soltar a raiva, Jamie soca uma janela de vidro, estilhaçando-a e ferindo sua mão. O capítulo termina com eles fazendo as pazes, o que não ocorreu no episódio em que eles terminaram brigados. No capítulo 22, Jamie ainda dá o real motivo de o porquê ele concordou no atraso de sua vingança. Isso deve aparecer no próximo episódio.
       
  • Os cavalos em Argentan: no capítulo 22 (O Haras Real), Jamie e Claire vão assistir à reprodução dos cavalos do rei, enquanto Jamie ajudava o Duque a escolher uma das éguas reprodutoras do haras real para comprar (a cena similar feita com os cavalos acabou sendo invertida no episódio para abrigar o encontro com Black Jack, mas como foi dito já foi bastante modificada). O mais interessante da cena da venda dos cavalos no livro é ver Fergus tentando controlar um deles que sai em disparada com ele montado. A situação é bem cômica neste capítulo e seria bom ter visto na TV. Entretanto como ela não propulsiona a história e pelo curto tempo para encaixar muitas informações acabou sendo uma escolha sensata retirá-la.
       
       
As maiores críticas que têm sido feitas ao seriado são sobre a mudança em relação às atitudes e à essência da personalidade dos personagens, além do amor entre Jamie e Claire que não está sendo tão caloroso na TV quanto nos livros, principalmente, na segunda temporada. Enquanto pude ficar feliz no episódio quatro porque mais momentos de carinho começaram a aparecer, esse episódio foi morno e enfadonho com exceção do final. Fiquei triste com ausência de Dougal, espero que o incluam em algum momento na França ainda. Assim como quero ver mais da história de vida de Fergus. Os leitores que já leram até o último livro lançado sabem o quanto ele é essencial na série, como é lindo vê-lo crescer e o amor, a lealdade e a gratidão que ele sente por Jamie. Uma mudança que eu estou gostando é quanto ao crescimento do personagem de Murtagh na série de TV junto com o afloramento do seu lado cômico, já que o Murtagh dos livros é bem fechado. O próximo episódio vai ser um grande “aguenta coração”, talvez por isto, esse teve um ritmo mais lento.

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6 comentários:

  1. descreveu tuudo que eu senti com o episódio! Não precisava meeesmo fazer a Claire ser tão falsiane na série.. eu não tô conseguindo mais sentir o amor deles como antes, parece que a cada ep só separam mais os dois.. enfim, também espero que o Fergus tenha um desenvolvimento melhor, pois ele é sem dúvida um dos melhores personagens da história!

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  2. Adorei o texto, exatamente o que eu penso em relação às mudanças que fazem na série. To sentindo muita falta da personalidade deles como descrita nos livros e principalmente da conexão entre o casal. E a parte do Dougal é tão importante mais tarde(livro 3) que eu espero mesmo que eles não cortem!
    Não gostei do reencontro com BJR como na série, no livro foi muito mais emocionante! E também sinto falta do Fergus tão devoto e da conexão entre ele, Jamie e Claire.
    Vamos ver como se desenvolve daqui pra frente...

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