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10 de fev. de 2017

Resenha: A Viajante do Tempo


CONTÉM SPOILERS 

Romance que inicia a série Outlander, publicado pela primeira vez em 1991, A viajante do tempo, como ficou conhecido no Brasil, introduz o leitor à Escócia do séc. XVIII, à revolução jacobita de 1745 e a uma história de amor que tinha tudo para ser proibida. Em um período em que ódio pairava entre ingleses e escoceses, como um poderia se apaixonar pelo outro? Mas se Montecchio e Capuleto conseguiram encontrar amor entre si, como então duas nações rivais não poderiam encontrar sua própria representação de Romeu e Julieta?



Capa e contra-capa da primeira edição de Outlander


Imagine que você ao realizar uma viagem como segunda lua de mel com seu marido acabasse sendo transportada duzentos anos no passado. O primeiro pensamento depois que você percebesse a realidade daquilo tudo seria voltar para seu tempo e sua família, certo? Mas e se você findasse por conhecer alguém que lhe despertasse sentimentos desconhecidos e inexplicáveis, fazendo a duvidar de si mesma e daquilo que havia despertado em seu coração?  Esse é o desafio da protagonista Claire. Ao reencontrar seu marido Frank, após seis anos separados durante a segunda guerra mundial, eles decidem ir à Escócia com o intuito de se conhecerem novamente. Ambos ingleses, Frank era um historiador, que servira no MI-6 durante a segunda guerra, e Claire uma enfermeira de combate.


Capa original atual edição norte-americana


Em um passeio pelas Highlands escocesas, Claire entra em um círculo de pedras que a transporta para o ano de 1743, onde ela conhece não apenas os membros do clã Mackenzie, mas como um ancestral do seu primeiro marido, o qual é um soldado do Exército britânico chamado Jack Randall. Uma moça inglesa naquela região e vestida em trajes tão peculiares como ela causa curiosidade ao chefe do clã, que não permite sua partida. De tal forma, ela vira propriedade do clã Mackenzie, e quando Jack Randall aparece com a intenção de mantê-la em sua custódia (com fins nenhum pouco cavalheirescos) a única solução era casar-se com um escocês: Jamie Fraser. A última coisa que Claire esperava era, uma vez já sendo casada, se apaixonar perdidamente por seu novo marido do século XVIII. Mas seu novo amor seria suficiente para mantê-la nesse tempo e enfrentar todas as provações que viriam com a obsessão do capitão Randall e a guerra iminente? E o mais importante: Claire seria capaz de sobreviver a um século em que mulheres praticantes da medicina eram comumente conhecidas como bruxas e queimadas vivas? Para fugir da prisão e da perseguição, Jamie e Claire concluem essa parte da aventura na França com a promessa de começar uma nova família.
Diana Gabaldon é uma autora dos Estados Unidos, que resolveu começar a escrever um romance como prática. Disso resultaram os oito livros da série Outlander publicados, mais um sendo escrito, a promessa de um décimo para conclusão, além de outras tantas novelas e contos, que as tem tornado referência tanto como autora de romances históricos, como na esfera de ficção científica.

Capa comemorativa, aniversário de 20 anos da série de livros.


A autora escreveu em The Outlandish Companion v.1 que a escolha de fazer Claire uma enfermeira da segunda guerra mundial foi algo consciente. Uma personagem com conhecimentos médicos seria algo útil naquela época, mas alguém do século XXI provavelmente seria incapaz de se adaptar não apenas as situações precárias da medicina rudimentar daquele período, como também à ausência de determinadas tecnologias como os aparelhos de raio x ou de tomografia. Ademais, na época da segunda grande guerra já havia sido descoberto algo de extrema importância: os antibióticos. O fato de Claire ter participado de uma guerra fez com que ela fosse acostumada às situações extremas. A decisão que a personagem seria uma enfermeira veio da ideia que, inicialmente, Gabaldon não teria os conhecimentos acerca da medicina necessários para a criação de uma médica, além de não ter tempo para realizar pesquisas mais complexas.


Capa especial com elenco principal da série de TV.


Um destaque que a autora faz neste mesmo compêndio é que os livros da série tendem a cada um ter formatos diferentes de história. Se você já leu A viajante do tempo vai conseguir encontrar os três clímax: a escolha de Claire no círculo de pedras, o resgate de Jamie por Claire da prisão de Wentworth e a cura da alma de Jamie por sua esposa no monastério. Portanto, o formato desse primeiro livro é o de um triângulo.


Capa da primeira edição brasileira, Editora Rocco.


Outro destaque que pode ser feito é sobre o tema do livro. Gabaldon comenta neste compêndio que cada romance tem um tema e acho que facilmente é possível perceber que a composição desse livro é sobre amor. Inicia-se o livro com o frágil amor entre Claire e Frank, o qual eles estão tentando reestruturá-lo, mas que não vai conseguir sobreviver ao aparecimento de Jamie Fraser. Tem-se o amor unilateral de Jamie por Claire, que se apaixona por ela muito antes da reciprocidade para que depois o amor de Claire possa surgir. Temos o amor puro dos irmãos: o relacionamento entre Jamie e Jenny é algo lindo de se ver, onde por mais que haja brigas, um sempre está disposto a se sacrificar pelo outro. Temos a versão de amor não tão convencional entre irmãos: como Colum e Dougal, tios de Jamie; e Jack e Alex Randall. Ambos casos de amores fraternos que levaram à abnegação pela felicidade do outro. Tem-se o amor paterno que é possível ver em Murtagh por seu afilhado Jamie, que é o resultado de um outro amor, este eterno, inquebrável e inexplicável que sobreviveu à morte, sentimento que Murtagh carrega em relação à mãe de Jamie.


Capa da edição atual brasileira (relançamento), Editora SdE/Arqueiro.


Marcando o início dessa saga que já dura mais de duas décadas, A viajante do tempo  não é apenas uma jornada entre séculos, mas entre os diferentes amores que cercam a nossa vida: amor paixão, amor fraterno, amor paterno, amor eterno, divino e inabalável, ou parafraseando Pablo Neruda, um amor que não se sabe quando, nem como, nem onde, sem problemas e sem orgulho porque não se conhece outra forma de amar.

Por Tuísa Sampaio


Referências:
GABALDON, Diana. Outlander: A viajante do tempo. Rio de Janeiro: Saída de Emergência, 2014. 799 p. (Outlander).
GABALDON, Diana. The Outlandish Companion. 2. ed. New York: Delacorte Press, 2015.V.1.
NERUDA, Pablo. Soneto XVII. In: NERUDA, Pablo. Cem sonetos de amor. Rio de Janeiro: L&PM Pocket, 2011. p. 25-25. (Coleção L± Pocket).


         


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