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18 de dez. de 2017

Livro x Série de TV- Episódio 13 (season finale): Eye of the storm

Contém spoilers do episódio e dos livros

Episódio 13 (season finale): Eye of the storm


O ultimo episódio da temporada trouxe às telas parte dos escritos dos capítulos 60 (Cheiro de pedras preciosas), 61 (A fogueira do crocodilo), 62 (Abandawe), 63 (Das profundezas), e uma cena que foi cortada do capítulo 52 de O Resgate no mar, concluindo-o. Na estrutura do episódio, inicialmente, Jamie e Claire estavam separados, mas como, além de ser por um pedaço pequeno de tempo, no livro, eles chegam à mansão da rosa juntos, preferi não utilizar uma separação em tópicos nesta análise.


Quem pegou o livro percebeu que muitas páginas formam esses capítulos finais, e com isso boa parte da trama descrita neles foi excluída de Eye of the storm. Eu acredito que o essencial para a compreensão e apresentação ao público do encerramento dessa história estava presente no “finale”, porém algumas coisas interessantes foram deixadas de lado também. No capítulo 60, Jamie e Claire chegam à mansão rosa, conversando sobre o que poderia acontecer com o sr. Willougbhy caso fosse encontrado pelos oficiais britânicos (enquanto na série, o chinês havia fugido com Margaret; no livro, ele estava se escondendo de uma acusação de assassinato). No material original, Jamie e Claire entram na casa de Geillis pela porta da frente (sem ainda saber a verdadeira identidade da sra. Abernathy); no episódio, Claire, sozinha, é encontrada por um dos escravos de Geillis bisbilhotando a propriedade e é levada a patroa, que ela já sabia quem era, de início como prisioneira. Enquanto esperava pela dona da casa na sala, Claire toma chá, e quando Geillis entra, o espanto é tanto que ela deixa a xícara cair. Claire pergunta por que Geillis não está morta ao que a amiga responde que muitas pessoas perguntam isso, e que ela sempre pensou se um dia veria Claire novamente após Cranesmuir. Elas conversam sobre Cranesmuir e sobre o dia em que Gillian Edgars atravessou as pedras para tornar-se Geillis Duncan. Geillis pergunta a Claire também quem a acompanhava quando ela tentou impedi-la de atravessar as pedras em 1968, mas Jamie interrompe o diálogo. Jamie pergunta como Geillis havia ido parar lá naquele lugar, e ela conta a mesma história que, na versão adaptada, ela contara a Claire no episódio anterior. Tem algo importante que aparece na conversa do livro; mas não, na das telas: o apelido de Geillis quando morou em Paris, período esse em que ganhou fama de vidente. Ela comenta que passou anos lá com o nome de madame Melisande Robicheaux. Aqueles que leram o conto “The space Between” estão mais familiarizados com as atividades de Geillis durante esse período. Ela também conta que Dougal havia a ajudado a fugir porque ela havia ameaçado matar a criança, o que não aparece na conversa do episódio anterior. Quando os Frasers dizem que estão a procura do sobrinho Ian Murray, Geillis afirma que o único trabalhador branco que existe na propriedade é o administrador. Jamie pergunta se Geillis não tem medo de morar sozinha, longe da cidade, cercada por tantos escravos. É quando ela lhes apresenta Hércules, mencionando que ele tem um irmão gêmeo chamado Atlas, ela afirma que os escravos a temem porque acham que ela é uma bruxa. Claire percebe que Hércules tem um olhar muito vazio e pergunta se ele não é um zumbi. No episódio, é Hércules que captura Claire e leva-a até Geillis.




Geillis recorda-se das habilidades médicas de Claire e pede ajuda para tratar de dois de seus escravos, enquanto Jamie se oferece para consertar o moinho de açúcar dela. Geillis informou a Claire que um dos pacientes tinha um verme loa-loa que se alojava no globo ocular, ela precisava manter o homen no escuro porque a claridade fazia com que os vermes se movimentassem, o que era muito doloroso. Claire fez uma incisão no olho e retirou o problema. Já o outro paciente tinha uma hérnia estrangulada e findou morrendo antes que Claire chegasse a ele. Claire usou a desculpa de que precisava examinar uma escrava grávida para conversar com ela e perguntar sobre Ian, mas a moça afirmava que não havia garotos brancos ali. Quando Claire retorna à sala, Geillis está olhando as fotos de Brianna. As duas passam a conversar sobre a filha de Claire e Jamie. Geillis faz várias perguntas a Claire em relação à travessia, como ela conseguiu passar pelas pedras mais de uma vez? Ela usou algo como sangue ou pedras preciosas? Claire percebe, então, que Geillis matou o marido para usar o sangue que ela acreditava precisar para a passagem.


No episódio, Claire encontra Geillis sozinha, e ela acha estranho Claire estar constantemente entrando em seu caminho. Para provar que tudo que ela contara para Geillis era verdade, sobre ela ter voltado ao seu próprio tempo para criar a filha de Jamie, Claire mostra a fotos de Brianna. É quando Geillis percebe que Brianna era a moça da profecia e esconde uma das fotos. No livro, ela também pega uma foto escondida, mas como já comentei anteriormente, a profecia foi modificada e originalmente não falava de um bebê de duzentos anos que precisava morrer, e sim, que o um descendente da linha fraser de lovat sentaria no trono escocês. Quando Claire é dispensada para descansar em Eye of the storm, ela encontra Jamie que estava a procurando na propriedade após ter sido solta com a intervenção de lorde John a pedido de Fergus. Esta foi uma cena que não existe no livro, mas que além de uma ótima solução para essa prisão inventada, foi gostosa de assistir à dinâmica entre os amigos e a humilhação do capitão Leonard. Voltando ao capítulo 60, Claire tem certeza que Ian está na casa, quando vê o tesouro das focas com Geillis. A sra. Abernathy usa a caixa para explicar sobre o poder das pedras preciosas em estabilizar a viagem no tempo. Geillis chama Claire para ir até seu gabinete de trabalho, Claire questiona a “amiga” sobre quantas vezes ela havia se casado, e ela responde que acha que cinco. Claire assusta-se com a quantidade, é quando Geillis comenta que o ar dos trópicos é muito insalubre para os ingleses, qualquer coisinha os faz ficarem doentes. Algo semelhante ao que ela havia dito em The bakra. Geillis apresenta a Claire o “veneno de zumbi”, uma poção que ela recebera de um cozinheiro escravo chamado “Ishmael”. Daí descobrimos de onde “Ishmael” havia surgido (lembrando que o personagem foi excluído da série). Geillis conta que Ishmael havia sobrevivido ao naufrágio de um navio negreiro, segurando-se em um barril de bebida. Os homens que o encontraram, quando foram abrir o recipiente acharam um corpo imerso no crème de menthe. E agora temos a explicação do livro do que acontece com o corpo do guarda, bem diferente do que aparece na série. Acho interessante como Diana sempre consegue fechar os arcos das tramas paralelas que surgem nos seus romances com uma sequência de coincidências perfeitas. Quase nada acontece por acaso, assim quando algo realmente aparece de forma aleatória, é muito difícil de acreditar que não haja uma justificativa mais à frente. Após falarem sobre “Ishmael” e o veneno de zumbi (a bebida que fazia Hércules parecer um morto-vivo), Claire e Geillis passam a discutir os pormenores das viagens no tempo. Quando Claire viajou, o uso das pedras preciosas e o sangue. É nesta conversa que Claire comenta que acredita que uma das coisas que atrai o indivíduo para um determinado tempo é fixar a mente em uma pessoa que está no tempo que você quer viajar. Assim, a conversa que aparece no episódio, apesar de conter uma animosidade que não é apresentada no livro, contém alguns dos pontos apresentados durante esse extenso diálogo entre as duas viajantes. Após o término da conversa, elas foram atrás de Jamie que já havia acabado de consertar o moinho com a ajuda do administrador da fazenda. Geillis o convida para um lanche, mas ele a informa que precisa partir logo para Kingston a fim de chegarem antes do anoitecer. Ele pergunta a Geillis ainda se ela conheceu o duque de Sandringham, e ela confirma. Quando estão sozinhos, Jamie conta a Claire que apesar de não ter conseguido nenhuma informação com os escravos ou o administrador sobre o paradeiro do jovem Ian, ele imagina onde o sobrinho esteja. Jamie havia olhado o terreno enquanto fazia sua tarefa, mas ninguém o havia deixado chegar próximo ao engenho, era ali que ele acreditava estar Ian. Eles foram se esconder, esperando o melhor momento para entrar no engenho, quando viram o reverendo Archie Campbell chegando para fazer uma visita a Geillis. No episódio, Claire e Jamie só encontram o ministro junto a cerimônia sagrada da tribo nativa jamaicana, estando ele em busca de sua irmã que havia fugido para lá junto com sr. Willoughby. No livro, Jamie traça um plano para ir de barco pegar jovem Ian o que iria demorar alguns dias e precisaria da ajuda de John Grey.




No capítulo 61 (A fogueira do crocodilo), a empreitada para salvar Ian começa. Quando o barco atraca, Jamie parte, deixando Claire com uma pistola carregada e esperando junto com Stern e seus homens nas proximidades da embarcação. Enquanto esperava, Claire viu uma figura passando pela casa, a qual ela sabia não ser Geillis. Ela a segue, pensando ser jovem Ian, mas na verdade era o reverendo Campbell, que a reconhece. Ele a questiona sobre o que ela estaria fazendo ali, o que Claire responde que procurava pelo sobrinho do marido e retruca a ele sobre onde estaria a senhora Abernathy, o que ele não soube responder. Eles passam a discutir porque, por meio de Geillis, Campbell havia descoberto o verdadeiro nome de James, acreditando ser ele o causador dos infortúnios da irmã. Claire explica que ela falara com Jamie, e ele lhe dissera que o namorado de Margaret chamava-se Ewan Cameron, mas o reverendo não acredita. Claire estava se sentindo ameaçada por Campbell até que ela vê o pelicano de estimação do sr. Willoughby e imaginou que o sócio chinês do marido estivesse por perto. Na série, o sr. Willoughby não tem esse pássaro. Durante o diálogo, Campbell conta que estava na fazenda realizando cópias de uns documentos a pedido da senhora abernathy (vou abrir esses parênteses só para destacar que eu constantemente chamo Campbell de reverendo porque ele tem esse ofício no livro, mas na série, vale lembrar, ele apenas explora as visões da irmã). No material original, é durante essa conversa que Claire fica sabendo sobre o conteúdo da profecia Fraser feita pelo adivinho Brahan.


“A profecia diz que um novo governante da Escócia surgirá da linhagem Lovat. Isso ocorrerá depois do eclipse dos ‘reis da rosa branca’, uma clara referência aos Stuarts papistas, é claro. – Balançou a cabeça indicando as rosas brancas no desenho do tapete. – Há referências mais obscuras na profecia, é claro; a época em que esse governante surgirá e se será um rei ou uma rainha, há uma dificuldade de interpretação, devido ao manejo errado do original...”

Enquanto Claire passa a pensar sobre o que Campbell havia dito acerca da profecia, o Sr. Willoughby entra na sala e acusa o reverendo de ter assassinado a sra. Alcott (trama exclusiva do livro). O sr. Willougby continua seu discurso dizendo que já havia visto o reverendo muitas vezes na Escócia com prostitutas, e que acreditava que ele já havia matado antes. Yi Tien Cho avisa a Claire para ela ir embora, pois o “Homem santo gostar de mulheres, não com pau. Com faca”. Claire então aponta a pistola que portava para Campbell, pois percebeu que ele era “o demônio” que assassinava mulheres em Edimburgo (mais uma linha da história dos livros que foi excluída da série). Para se defender, Campbell afirmou que o sr. Willoughby havia traído Jamie para Sir Percival Turner, e assim Claire fica confusa. Com essa distração, o reverendo pula para cima de Claire que acaba atirando, mas não o atinge, ele então saca uma faca, mas o sr. Willoughby o ataca e o mata. Como na série, a trama do “demônio” não existia, achei a morte do reverendo muito “gratuita”. Ele podia ser um homem mesquinho e abusivo com a irmã, mas ele não era um assassino. Ele morre também pelas mãos do sr.Willloughby como forma de proteger Margaret de uma surra. Posso ter achado um pouco gratuita a morte na série, pois sem o lado assassino, Campbell aparentava ser menos cretino, mas a satisfação de ver o crápula abusivo morrer esteve presente durante a cena. No livro, Willoughby admite que havia traído Jamie pois estava bêbado. E afirma que Jamie não deve matá-lo, pois ele salvou a vida de Claire, então parte. Esse é outro enredo que não existe na série. Diana escreve muitas tramas além da principal, e a produção resolveu seguir apenas o essencial para contar a história de Jamie e Claire nesse fim de temporada. Acabaram criando também um final para o sr. Willoughby bem mais nobre que o original. Excluindo a história da traição, fazendo-o ser parte de uma história de amor com Margaret, e ainda matando Campbell para protegê-la. Após o incidente, Claire sai a procura de Geillis em seu gabinete e encontra uma fotografia de Brianna chamuscada:


“Deve ser magia – ou a versão de Geillie de magia. Tentei freneticamente lembrar-me de nossa conversa nesse aposento; o que ela dissera? Ela mostrara-se curiosa sobre o modo como eu viajara pelas pedras – esse era o ponto principal. E o que eu disse? Apenas algo vago, sobre fixar minha atenção em uma pessoa – sim, era isso - , eu disse que fixara minha atenção em uma pessoa específica que vivia no tempo para o qual eu queria ser atraída.

(...) ‘Uma das profecias do adivinho Brahan’, ele dissera, ‘Referentes aos Fraser de Lovat.’ ‘O governante da Escócia virá desta linhagem.’ Mas, graças às pesquisas de Roger Wakefield, eu sabia – o que Geillis provavelmente também sabia, obcecada como era pela história escocesa – que a linha direta dos Lovat fracassara nos anos 1800. Quer dizer, para todos os propósitos e intenções visíveis. Houve, de fato, um sobrevivente daquela linhagem vivendo em 1968 – Brianna.”



No episódio, Claire encontra a foto chamuscada de Brianna junto com Geillis em Abandawe, quando ela se prepara para viajar no tempo novamente a fim de matar o “bebê de 200 anos” que era como se referia a profecia da série.


Voltando ao livro, ao sair da casa em busca de Jamie, Claire escuta uma cantoria e acaba sendo atacada por um crocodilo, mas é salva pelos negros liderados por Ishmael que estavam por perto. Mais uma trama paralela que não foi colocada na série. Eu acredito que a cabeça de crocodilo que um dos negros usava no ritual nas telas tenha sido uma referência a esse trecho do livro, uma vez que depois de matar o crocodilo, Ishamel usa a carcaça da cabeça dele como um chapéu. Os homens levaram uma Claire não muito consciente para uma cabana próxima a uma fogueira. Ishmael vai falar com ela. Conta que a patroa saiu e deve ter levado o menino com ela, pois Geillis “gosta de garotos”. Enquanto, eles conversam Margaret Campbell aparece. Margaret, Ishmael e Claire se aproximam da fogueira, onde um ritual com o resto do crocodilo será realizado. A cena no episódio em que um dos negros bebe sangue de um galo/galinha (não sei o que era na imagem) também acredito ser uma referência ao ritual do livro, só que neste é Margaret quem mata uma galinha e bebe seu sangue em uma xícara junto com seu chá. Após beberem algum tipo de alucinógeno, Margaret passa a utilizar seus talentos como vidente com os negros.

“Ouvindo, eu senti os cabelos de minha nuca ficarem em pé e compreendi pela primeira vez o que trouxera Ishmael de volta a este lugar, arriscando-se a recapturado e escravizado outra vez. Não era amizade, nem amor, nem qualquer lealdade a seus companheiros escravos, mas poder.


Qual o preço do poder de predizer o futuro? Qualquer preço, foi a resposta que eu vi, olhando os rostos enlevados da congregação. Ele voltara por Margaret.”

Enquanto Claire observa Margaret contar o futuro das pessoas, ela vê Jamie escondido. Ela pensa em escapar para ele, mas é quando Margaret passa a incorporar Brianna. Parte desse diálogo foi reproduzido no episódio. Ishmael conta a Jamie que a senhora Abernathy havia ido com Ian para Abandawe (no episódio, Margaret fala o nome da caverna logo após incorporar Brianna, o que, depois de saber sobre a profecia e a foto perdida, faz Claire ter uma epifania que essa caverna sagrada deve ser o local de passagem no tempo e lá que Geillis e Ian devem estar). Ishmael pergunta a Claire se ela ainda sangra (menstrua) e ela diz que sim. Ela fala então que se ela ainda sangra, ela mata a magia, apenas as idosas podem realizar mágica, por isso ele afirma que a magia que Claire não pode fazer, a magia que Geillis faz, que a tal magia pode matar tanto a própria Geillis quanto Claire. Continua dizendo que se eles seguirem atrás do rapaz, eles irão morrer. Quanto a esta parte há uma citação semelhante no episódio. No fim do capítulo, Jamie e Claire se preparam para ir a Abandawe, mas uma fazenda próxima começa a pegar fogo. Jamie vê Margaret, e ela o reconhece como um dos amigos de Ewan, seu falecido namorado. O incêndio, na verdade, havia sido uma distração arranjada pelos homens de Jamie, que acabou servindo também para facilitar uma fuga dos escravos.


No episódio, a procura por jovem Ian segue um caminho diferente, após estarem novamente juntos, Claire informa a Jamie que viu Ian sendo carregado na direção dos batuques. Eles seguem o barulho e encontram uma cerimônia dos nativos, que faz Claire lembrar a dança das druidisas presenciada no primeiro episódio da primeira temporada (e em A viajante do tempo). Eles encontram o sr. Willoughby que estava acompanhando Margaret por quem havia se apaixonado, enquanto ela compartilhava seus dons com a tribo nativa. Os Frasers perguntam ao chinês se ele havia visto Ian, mas ele não tinha nenhuma informação. Assim, Claire segue para procurar Margaret, pois talvez ela pudesse saber algo sobre o paradeiro de jovem Ian. Margaret tem visões do passado do casal, e incorpora um pedido de socorro de Brianna. Campbell aparece, tenta levar Margaret embora, e acaba contando sobre a profecia de um bebê de 200 anos que deve morrer para o monarca escocês surgir. É quando Claire percebe que Geillis levou uma das fotos de Brianna e que ela deve ter ido atrás de sua filha, e os Frasers partem desesperados para Abandawe.


No capítulo 62 (Abandawe), Jamie combina com John para roubar o barco do governador com o intuito de resgatar Ian, o que Jamie não conta ao amigo. John só sabe que Jamie precisa do barco, confiando cegamente na súplica do escocês. Na embarcação, partiram Jamie, Claire, Stern e os contrabandistas, mas ao chegarem ao local onde deveriam partir a pé apenas os três primeiros seguiram viagem. Ao encontrarem Abandawe, Claire vê um círculo de pedras, Stern comenta que ele havia sido erguido por aborígenes. No episódio, os menires, apesar de existirem, foram substituídos como forma de passagem por um pequeno lago. Apenas Jamie e Claire entraram na caverna, uma vez que Jamie não permitiu que Stern os seguisse. Jamie comenta que se algo for acontecer com um dos dois, tem que ser com ele, porque Claire é capaz de seguir Geillis através das pedras e impedir quaisquer planos que ela tenha. Algo semelhante é dito no episódio, quando Jamie fala que se algo acontecer a ele, Claire deve seguir Geillis, pois eles já perderam Faith, não poderiam perder Brianna também (essa frase derreteu meu coração, adoro que na série eles colocam vários lembretes sobre a importância de Faith na vida do casal. Infelizmente, ela não é tão lembrada assim através dos livros. Talvez para os personagens criados por Diana fosse mais difícil falar sobre o bebê perdido). No capítulo, após o aviso dado por Jamie, ele complementa com “- Então me beije, Claire – ele sussurrou. – E saiba que você é mais para mim do que a própria vida e que não me arrependo de nada.” citação que foi cortada do episódio. Adentrando a caverna, eles encontram Geillis preparando o ritual para a travessia, e Ian, amarrado, próximo a um machado. No episódio, Geillis prepara-se para por fogo no jovem Ian para matá-lo em sacrifício, assim como fez com seu marido em 1968. Ademais, como no livro, Geillis também comenta que só vai poupar Jamie por Claire gostar dele; mas exclusivamente no capítulo, Geillis fala que Jamie estava muito parecido com Dougal.



“- Não faça isso, Geilie – eu disse, sabendo que palavras não iriam resolver nada.


- Eu tenho que fazer – ela disse calmamente. – Sou destinada a fazê-lo. Lamento ter que levar a garota, mas eu lhe deixarei o homem.


- Que garota? – Os punhos de Jamie estavam cerrados com força ao lado do corpo, os nós dos dedos brancos mesmo à luz turva da tocha.


-Brianna? É esse o nome dela, não é? – Sacudiu os cabelos pesados para trás, afastando-os do rosto. – A última da linhagem Lovat. – Sorriu para mim. – Que sorte você ter vindo me ver, hein? Se não fosse por isso, eu jamais ficaria sabendo. Eu pensava que todos tinham morrido antes de 1900.”

Com essa afirmação de Geillis, Jamie tenta partir para cima dela, mas ela atira nele. Com Jamie caído no chão e ferido, cabe a Claire tentar salvar jovem Ian. Em Eye of the storm, Hércules está presente e luta com Jamie para impedi-lo de chegar perto da patroa. Quando Claire tenta conversar com ela, Geillis afirma que Claire lhe deve uma vida por ter salvado a amiga de queimar na pira como bruxa, e que ambas devem sacrificar seus filhos pela causa. Para impedir Geillis de realizar a viagem e matar jovem Ian e como consequência Brianna, Claire pega um facão e corta a garganta dela. No livro, Geillis percebe as intenções de Claire e tenta atirar nela antes que a mulher chegue até ela, mas falha, permitindo assim que Claire alcance o machado, e a matasse. Depois disso, Jamie acorda, e segue com Claire e Ian para fora, pois pelo vento já conseguia perceber que uma tempestade se aproximava. No episódio, quando Claire mata Geillis, ela parte com o marido e o sobrinho, mas ainda não há o prelúdio da tempestade – e Jamie também não está ferido.



Ao sair da caverna, encontram com Stern, montam acampamento, a tempestade passa, e Claire cuida do ferimento na cabeça de Jamie. Nada disso ocorreu no episódio, onde os personagens partem da caverna direto para o navio. Mais tarde, Ian conta sobre o que havia acontecido com ele. O menino havia sido mantido com outros rapazes dentro da embarcação pirata. Quando chegaram à mansão da rosa, eles só mudaram de prisão. De tempos em tempos, a senhora Abernathy aparecia e levava um dos garotos, que nunca retornava. Um das noites, levaram Ian, quando ele entrou no cômodo onde estava Geillis, ela usava uma camisola e deu um líquido para Ian beber e fez perguntas sobre a vida e família de Ian e se ele era virgem. Quando Ian contou a Geillis que ele já havia se deitado com uma mulher, ela ficou revoltada (na série, há uma cena em The Bakra que Geillis descobre que Ian é virgem, mas ela só diz que, assim ele saberá o que fazer). No livro, depois das perguntas, Geillis abusa sexualmente do jovem Ian, enquanto Hércules ou Atlas assistia. Em The Bakra, como essa cena não aparece, os telespectadores não sabem o que realmente ocorreu entre eles. Em Eye of the storm, Jamie fala a Claire que Ian vai voltar para Lallybroch e para a mãe no primeiro navio com destino para Escócia, e Claire lhe lembra de que o rapaz pode não querer ficar em Lallybroch após toda essa aventura, o que é uma conversa retirada deste capítulo.


Seguindo a ordem cronológica do episódio neste ponto, tenho que retornar ao capítulo 52 (Um casamento é realizado), de onde foi extraída a conversa romântica entre Claire e Jamie, que em Eye of the storm foi introduzida em um diálogo dentro do navio que os levava da Jamaica. No capítulo, eles estavam na cabine do Artemis, atracados, antes do casamento de Fergus e Marsali. O diálogo que ocorre aí sobre o que Jamie planeja fazer com Claire quando tiverem espaço foi majoritariamente copiado e colocado na cena antes da tempestade no episódio.



No capítulo 62 (Nas profundezas), quando eles estão em alto mar, o Porpoise volta a persegui-los, o que não ocorre em Eye of the storm. A tempestade, no livro, ocorre um tempo depois de deflagrada a perseguição do porpoise, o que foi dito ser uma sorte, pois resultou na diminuição da velocidade do navio de guerra britânico. A tempestade findou por afundar o Porpoise (bem feito, quem mandou querer prejudicar os Frasers). Durante a tempestade é que Claire faz a associação entre o crânio que Joe Abernathy analisou em 1968 e a morte de Geillis Duncan, o que no episódio, acontece quando ela ainda estava em terra firme. A tempestade passou e cinco dias depois eles encontraram local para atracar e é aí que Claire é jogada ao mar quando o mastro principal se parte, meio amarrada na vela, e Jamie pula para salvá-la. No episódio, ela é lançada ao oceano ainda durante a tempestade. A fala de Jamie de que se ela morrer, ele irá matá-la foi extraída deste capítulo.


“Eu estava morta. Tudo ao meu redor era de um branco ofuscante e havia um ruído suave, sussurrante, como o de asas de anjos. Senti-me em paz e sem corpo, livre do terror, livre da raiva, repleta de um tranquilo contentamento. Então tossi.”

A narração de Claire no início do episódio e que se repete ao final também foi adaptada deste capítulo. Claire acorda, no livro, já deitada em uma cama, com a perna quebrada, enquanto em Eye of the Storm, ela e Jamie retomam a consciência praticamente juntos na praia e aparentemente ela está sem ferimentos. Jamie conta a Claire que o navio havia ancorado no mesmo local em que eles estavam só que mais distante. Jamie comenta que havia perdido os retratos dos filhos quando pulou no mar, mas conseguiu salvar as pedras preciosas de Geillis. A senhora Olivier, a dona da casa em que estavam, adentra o quarto, eles perguntam a ela onde estão e a jovem responde que na colônia da Geórgia.


“- América – eu disse a meia-voz. – O Novo Mundo. – A pulsação sob meus dedos acelarara-se, reproduzindo a minha própria. Um mundo novo. Refúgio. Liberdade.”

Eye of the storm foi uma versão bastante simplificada dos capítulos finais de O Resgate no mar, mas eu acredito que cumpriu seu propósito. Foi um episódio que resolveu os conflitos principais restantes, mesmo que alguns de forma divergente do livro, e nos envolveu na força do relacionamento entre Jamie e Claire. A fotografia do final ficou primorosa. O modo como focaram a câmera em movimento me fez preferir o final na praia ao na casa dos Oliviers. Foi uma temporada com seus altos e baixos, mas no geral, achei que ela carregou várias melhorias em relação à temporada anterior. Foi mais dinâmica (o que é uma característica do próprio livro que a originou) e mais romântica (não tanto quanto queríamos, mas é um começo). Com esse episódio, despedimo-nos, por um tempo, não apenas de Jamie, Claire, Fergus, Ian, Marsali e tantos outros, mas de um personagem que nos tem iluminado e arrepiado durante as três temporadas: a Escócia. Não completamente. A cultura, a identidade e o patriotismo estarão presentes ainda nos highlanders que acompanharemos, mas a terra será deixada para trás por um longo período. Muito dos leitores e telespectadores, acredito que como eu, apaixonaram-se não apenas pelo amor impossível de Jamie e Claire, uma inglesa do século XX e um highlander do século XVIII, mas pela história dessa nação.



Saudade. “Sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas já vividas”. Mais uma vez durante a temporada voltamos a falar sobre ela. Mais uma vez nossa herança linguística nos abraça para expressar essa história. Conhecemos a força que o povo escocês carrega, a sua luta pela sobrevivência, o orgulho de sua identidade e o esforço para mantê-la. A cultura e povo escocês não mereciam sofrer com o apagamento e aniquilamento imposto pelos ingleses.


Escócia. Saudade. Nossa e dos Frasers. América. Esperança. Recomeço. E nesse jogo de palavras únicas, o tema do livro surge novamente: identidade. Jamie, escocês, pai, líder, prisioneiro, amigo, contrabandista, tipográfico, tio, irmão, Alexander Mackenzie, Alexander Malcolm, James Roy, James Fraser, marido de Claire. Claire, inglesa, curandeira, cirurgiã, mãe, viajante, Claire Beauchamp, Claire Randall, Claire Malcolm, Claire Fraser, esposa de Jamie. Os dois, solitários por vinte anos, agora conseguem reconstruir sua identidade como casal. Unidos em um mesmo tempo e em uma mesma terra. Chegou a hora dos Frasers dominarem a América.



Com o final da temporada, gostaria de agradecer a todos e todas que acompanharam as resenhas, quer seja de forma silenciosa, quer seja comentando. Foi um prazer fazer essa viagem com vocês. Nos encontramos novamente nos tambores do outono ;)



Por Tuísa Sampaio

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15 comentários:

  1. Tuísa, como eu já falei, os episódios, para mim, nunca terminam antes que eu consiga ler a tua resenha, então, devo confessar, que a terceira temporada só acabou agora para mim e de uma forma magistral, porque tuas resenhas são sempre fenomenais! :) Obrigada por te dares ao trabalho que é escrever uma resenha tão minuciosa como a que tu fazes e por compartilhar tudo isso com a gente. Feliz Natal e um Ano Novo maravilhoso - e que tenham Tambores de Outono! :)

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  2. Oi, Tuísa. Assino embaixo do que a Renata comentou e também agradeço pelo seu trabalho, sempre muito bom e que complementa cada episódio. E concordo com você sobre a saudade da Escócia e dos temas desenvolvidos nessa primeira fase dos livros. Sinto muitas saudades e, pra mim, a história se esvaziou um pouco, até pela perda de grandes personagens, como o próprio BJR, interpretado magistralmente pelo Tobias Menzel, bem como dos impagáveis Angus e Rupert. Quanto ao Murtag, espero que ainda apareça, porque a criação desses personagens e a ampliação da importância do Murtag foram um dos grandes ganhos da série em relação aos livros, na minha opinião. Ainda não li o livro 4, mas não sei se a continuidade vai conseguir imprimir a mesma densidade da história escocesa, seus highlanders e a resistência aos ingleses. A ver. Mas muito obrigada, boas festas e um ótimo novo ano para você.

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    1. Obrigada! Pelas declarações de Ron, acredito que Murtagh deva aparecer na quarta temporada. Vamos ver :) Um ótimo ano novo e natal para vc tb :*

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  3. Nós fãs só temos a agradecer a ti por ter esse site maravilhoso, sempre atualizado e com suas maravilhosas resenhas dos episódios. No inicio fiquei decepcionada por não ter um site em português bom sobre outlander e por não conhecer ninguém que assiste a série, mas então encontrei seu site e finalmente posso sentir que, assim como eu existe muitos por ai que amam essa série. Obrigada!

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  4. É muito incrível vocês compartilharem todas essas análises dessas resenhas...que trabalhão... Não acredito que só agora estou conhecendo essa história que se iniciou em 1991...mas digo que me é ARREBATADORA.
    Só me pergunto da onde sai tanta criatividade e imaginação para DG escrever desse jeito.
    Obrigada

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  5. Nossa Tuísa, muita enriquecedora suas resenhas. Adorei, Terminei a terceira temporada ontem. Nossa que saudade, e nasceu uma vontade imensa de conhecer pessoalmente a Escócia.

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    1. Muito obrigada! Também sou doida pra conhecer a Escócia por causa da série.

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  6. OLÁ QUERIDA, DELICIA ESSA SUA COMPARAÇÃO DO LIVRO COM A SÉRIE, COMECEI A ASSISTIR OUTLANDER ESSE MÊS E CONFESSO QUE ESTOU APAIXONADA DEVOREI AS 3 TEMPORADAS EM 2 SEMANAS POR MADRUGADA A FORA, QUANDO ACABOU A SEGUNDA CHOREI POR ELES E FIQUEI COM UMA ESPECIE DE LUTO POR ELES PELO AMOR DELES. TO ASSISTINDO NOVAMENTE PARA ME RECORDAR DAS CENAS MAIS LINDAS... E QUERO LER O SEU SITE INTEIRO, AMEI TUDO... OBRIGADO TATIANE BARATO

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    1. Obrigada em nome de toda a equipe Outlander Brasil/Lallybroch :D

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  7. Gostaria de saber se no Livro é mencionado que Jamie vai para o futuro com Claire alguma vez?

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    1. A autora da série disse que Jamie não tem a habilidade de viajar pelo tempo. Mais a frente nos livros, os personagens surgem com uma teoria que é necessário ter um determinado gene para conseguir viajar. Aqui no blog tem um artigo com a teoria Gabaldon de viagem no tempo em que ela explica bem direitinho como ela pensa sobre isso.

      http://www.lallybroch.net/2017/10/a-teoria-gabaldon-de-viagem-no-tempo.html

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