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14 de mai. de 2019

Resenha: Lorde John e a Peste de Zumbis


(Uma novela da série Outlander presente na antologia de fantasia urbana, Ruas Estranhas)




“Tendo encontrado bruxas alemãs e fantasmas indianos, e passado um ano ou dois nas Highlands escocesas, ele conhecia superstições pitorescas melhor que a maioria.” - Lorde John e a peste de zumbis


Cronologicamente dentro da série Outlander, “Lorde John e a peste de zumbis” se passa entre “O resgate no mar” e “Os tambores do outono”, no ano de 1761, tendo como personagem principal Lorde John Grey – como fica óbvio pelo título. Diana criou uma série de romances e novelas incluídos no gênero de mistério histórico em que Lorde John, o inicialmente carcereiro e diretor da prisão de Ardsmuir e mais tarde melhor amigo de Jamie Fraser é o personagem principal. Jamie também participa de algumas das histórias de Lorde John como em “The scottish prisioner” (“O prisioneiro escocês” em tradução livre) e “Lord John and the brotherhood of the blade” (“Lorde John e a irmandade da espada” em tradução livre). 







O que comumente nos referimos como “série de Lorde John” ( a meu ver uma série spin-off), de acordo com a autora faz parte da série Outlander. “Lorde John e a peste de Zumbis” não é o primeiro livro dentre essas histórias de mistério estreladas por John em termos cronológicos (no final desse texto, vou deixar a disposição a ordem deles), mas até agora é o único a ser traduzido para o português. Como cada aventura tende a ser relativamente independente então, no geral, é possível compreender quando lidos fora de sequência. Porém, o leitor deve ficar atento para as datas e acontecimentos, que por vezes podem ser mencionados em outros dos livros. 



                              Capa da antologia Ruas Estranhas, onde está incluída a novela "Lorde John e a peste de zumbis"
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Em “Lorde John e a peste de zumbis”, Grey é chamado à Jamaica pelo governador para liderar um contra-ataque e tentar pôr fim a uma rebelião escrava. A história que poderia se tratar de uma aventura aleatória de Lorde John também cita o assassinato do Sr. Abernathy, o último marido de Geillis Duncan (que vive sob a identidade de sra. Abernathy em “O Resgate no Mar”) . Apesar de Jamie não aparecer nesta narrativa, os pensamentos de John de vez em quando o levam a ele. 



“Seria possível chamar de amante um homem que nunca tocava você – que se recolhia com a simples ideia de tocá-lo? Não. Mas ao mesmo tempo, como chamar um homem cuja mente tocava a sua, cuja amizade constrangida era um presente, cujo caráter, cuja própria existência, ajudava a definir a sua própria?” 



Durante sua investigação, John dá de cara com o que os nativos chamavam de zumbis, “mortos-vivos”, ou pelo menos era isso que diziam, e o processo para descobrir e entender o que estava ocorrendo na ilha foi ficando mais complexo e mais sombrio. Haveria elementos sobrenaturais na região e estariam eles ligados às revoltas dos escravos? Há todo um misticismo relacionado às práticas religiosas das tribos locais que causa o receio e as dúvidas de Lorde John e o desconhecimento de muito dessa cultura ainda hoje cria “medo” simplesmente por ser algo estranho às crenças hegemônicas. É a astúcia, a coragem e a disposição para não duvidar de nada de John Grey que o permitem solucionar o caso e cumprir o papel que a coroa britânica lhe designou. 



                                                                                                         Capa do e-ebook em inglês 
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Para mim, essa é uma das histórias de John mais fracas, os outros casos em que ele é envolvido tem uma complexidade tanto no quesito mistério, quanto na emoção, maior. Assim, como são mais interessantes. Porém, rever Geillis acrescenta mais do quanto ela pode estar envolvida com o assassinato desse marido (como com o dos anteriores) e seu caráter místico e malicioso. Essa não é a única novela em que a personagem aparece. Ela também tem seus momentos em “The space between” (ainda sem publicação em português), no qual ela é citada no enredo através de um pseudônimo e consequentemente, pode-se descobrir um pouco mais do que ela fez no salto de vinte anos em que ela e Claire se desencontraram. 



Àqueles que não leram nenhum aventura solo de Lorde John, essa é uma oportunidade de conhecer Tom, seu valete, uma espécie de criado pessoal com quem John estabelece uma relação de cumplicidade bastante gostosa de se ler (Tom aparece em todas as histórias de Lorde John menos em “Lord John and the Hellfire club”). Por mais que Lorde John seja um personagem querido, sua trajetória nessa história era uma com a qual eu torcia contra. Queria a solução do caso, mas que os “escravos” saíssem vitoriosos em relação aos colonos. É uma novela que destaca a rebeldia e a resistência do povo negro quando diante daqueles que os roubaram a liberdade, o que por vezes nossa história tradicional esconde, mostrando uma certa subserviência e aceitação. Na Jamaica, para eles, era até mais fácil fugir. Era seu lar, eles conheciam a terra o suficiente para encontrar esconderijo, mas não deveriam precisar se esconder e viver como fugitivos em seu próprio país. Como Claire falou uma vez em relação aos ingleses na Escócia (na primeira temporada- ep 06) “a terra é deles, nós que estamos a ocupando”, também vale para os ingleses na Jamaica e em todas as suas colônias, assim como para todos os europeus que usurparam pessoas e terras, mexeram com divisas, suprimiram religiões e identidades em nome do lucro e de suas crenças vistas como verdades absolutas. 



Para mim, todas as aventuras de Lorde John são leituras muito prazerosas, umas mais e outras menos, assim como os contos e novelas da série Outlander protagonizados por outros personagens, que suprem lacunas deixadas nos romances principais. Abaixo segue a ordem cronológica das histórias de Lorde John: 



- Lord John and the Hellfire Club- 1756 - conto na coletânea de histórias de Lorde John “Lord John and the hand of devils- por enquanto sem publicação em português; 

-Lord John and the private Matter -1757- (um romance- por enquanto sem publicação em português); 

-Lord John and the succubus – 1757- (novela na coletânea “Lord John and the hand of devils”)- sem publicação em português ainda; 

-Lord John and the brotherhood of the blade- 1758 - romance- sem publicação em português por enquanto; 

-Lord John and the Haunted soldier – 1758 - (novela publicada na coletânea Lord John and the hand of devils); 

-The custom of the army – 1759- (novela originalmente publicada na antologia Warriors, volume 1- também publicado individualmente em e-book, mais tarde foi incluso na antologia de Outlander “Seven Stones to Stand or fall”). Ainda não foi lançado em português; 

- The scottish prisioner – 1760- (romance)- sem publicação em português por enquanto; 

- Lord John and the plague of zombies- 1761- na coletânea Down these strange streets e individualmente em e-book, além de posteriormente incluída na coletânea de Outlander “Seven Stones to Stand or fall”, que ainda não foi publicada em português. Como a primeira antologia citada foi publicada em português com o título de “Ruas estranhas”, a novela foi traduzida para “Lorde John e a peste de zumbis”; 

- Besieged – 1762- novela publicada na antologia de Outlander “Seven Stones to Stand of Fall”, sem publicação em português por enquanto.


Por Tuísa Sampaio 

Comentários via Facebook

4 comentários:

  1. Concordo super! Gostei do conto, mas também não é meu favorito, e fico sempre muito dividida quando a Diana toca na questão dos escravos, não sei exatamente como me sentir a respeito da abordagem dela. A melhor coisa desse conto pra mim está mesmo nas cenas com Tom, ele é um querido, queria que mais pessoas tivessem a chance de conhecê-lo!

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  2. Existe um grupo no Facebook, que tem a coletânea com tradução de fãs


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    1. Outlander Frase"s Ridge Brasil, que aliás é maravilhoso!!! Pra que. Ele apaixonado pelos livros da série

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