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8 de mar. de 2016

Toda mulher tem um pouco de Claire Fraser

Claire Fraser, Claire Beauchamp Randall, Claire Beauchamp Randall Fraser, ou simplesmente, Sassenach, foge de vários esteriótipos das "donzelas" dos livros, mostrando que nem toda mulher precisa ser salva, ela pode ser aquela que vai salvar, que nem toda mulher precisa ser delicada, ela pode ser aquela que toma a iniciativa, que nem toda mulher deve desistir... que ela pode lutar até o fim pelo que ama.

Uma das personagens femininas mais fortes da literatura, Claire, vem de uma época aonde, segundo alguns, a mulher deveria cuidar do lar, ser obediente ao marido e responsável pelo cuidado dos filhos. Mesmo sendo um período pós guerra, a mulher ainda estava engatinhando para ter seus direitos garantidos e mostrar que ela, definitivamente, não deveria ser vista apenas como o "sexo frágil". E apesar disso, mesmo assim, desde cedo, ela se mostra dona de si, forte, e decidida, que faz suas próprias escolhas. 

Quando criança, ela já teve uma infância diferente, viveu com o tio, um arqueólogo, que não tinha parada, vivia viajando e não se importava muito em ensinar a sobrinha os "deveres de uma dama". Por viver com um homem, talvez Claire tenha adquirido essa "liberdade", que Jamie inclusive critica, ao dizer a ela, que não tiveram pulso firme em sua criação.

[...] O seu tio não batia em você quando você fazia por merecer? — perguntou ele com
curiosidade. Reprimi uma risada diante do pensamento.
— Meu Deus, não! Teria ficado horrorizado com a ideia. Tio Lamb não acreditava em bater em crianças. Ele achava que era preciso conversar com elas e fazê-las entender, como adultos. — Jamie emitiu um ruído escocês na garganta, indicando desdém pela ridícula ideia.
— Isso explica suas falhas de caráter, sem dúvida — disse ele, dando uns tapinhas no meu traseiro. — Disciplina insuficiente na juventude.
A Viajante do Tempo - Capítulo 29 

Claire se mostra sempre a frente de seu tempo e mesmo após passar pelas pedras e ir para uma época, aonde a mulher valia muito menos do que em seu mundo, ela jamais perde a sua essência. Corajosa, enfrenta tudo em nome do que acredita, do que ama, sem desistir do que quer. Como não se lembrar da sua busca por Jamie na prisão de Wentworth? Aqui os papéis se invertem, em vez de ter termos um protagonista masculino, salvando a mocinha em perigo, vemos uma mulher, forte e decidida, salvando seu amado do vilão da história, enfrentando perigos, e desafiando a morte.

Planejara atirar a fera contra a parede, talvez deixando-o desacordado. Em vez disso, arremessei o corpo contra a muralha, esmagando o lobo entre os blocos de pedra e meu quadril. Lutei para envolvê-lo com a parte solta do meu manto. Garras rasgaram minha saia e arranharam minha coxa. Arremeti o joelho com uma força assassina no seu peito, extraindo um uivo estrangulado. Somente então percebi que os queixumes vinham de mim, e não do lobo. Estranhamente, eu já não estava nem um pouco aterrorizada, embora tivesse ficado apavorada quando o lobo estava me perseguindo. Só havia espaço em minha mente para um único pensamento: vou matar este animal ou ele me matará. Portanto, eu iria matá-lo.
A Viajante do Tempo - Capítulo 35 


[...] ele dissera que queria morrer. Eu estava moralmente certa de que se eu o deixasse entregue à própria sorte, como ele queria, logo estaria morto, quer pelas consequências da tortura e da doença, na forca ou em alguma batalha. E eu não tinha a menor dúvida de que ele também sabia disso. Deveria fazer o que ele pedira? De jeito nenhum, disse a mim mesma. De jeito nenhum, disse com raiva ao sol irradiante no altar e abri o livro outra vez.
A Viajante do Tempo - Capítulo 39 

Corajosa, leal, dividida entre dois mundos, tomando decisões difíceis, irônica, desbocada, teimosa, prática, de cabelos indomáveis, enfermeira, que enfrenta lobos famintos, escoceses teimosos, homens egoístas, prisões, que mata soldados (quando necessário), que realiza uma cirurgia restauradora nas condições precárias do séc. XVIII e que usa drogas para salvar o corpo e o espírito de Jamie, Claire foge do esteriótipo da fragilidade, foge das perfeições, como todas nós, ela representa como ninguém, o ser mulher.

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3 comentários:

  1. Eu adorei o texto. Muito profundo. Amo os livros. A história é bem construída,maravilhosa e fantástica. Eu estou lendo os segundo livro : A libélula no âmbar.

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  2. Estou lendo o primeiro livro e, realmente, Claire é o exemplo da mulher guerreira que há em todas nós.

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  3. Claire é uma personagem incrível. Ela tem uma ferocidade tão genuína, tão espontânea, que é impossível não se identificar e amá-la muito por rebelar-se diante de situações que nós também nos indignamos. É a primeira vez que entro no site e deixo com muito carinho registrado que o texto maravilhoso e o site é muito lindo! <3 :-)

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